Quando o arquiteto Felipe Pacheco define este projeto como “uma experiência arquitetônica inesperada”, está coberto de razão. Falta dizer o quão interessante resultou. Tomando como referência a planta baixa do Edifício em La Barceloneta, dos arquitetos catalães Josep Antoni Coderch e Manuel Valls, o escritório Felipe Pacheco Arquitetos projetou e gerenciou a execução destes ambientes destinados a um escritório de advocacia em Porto Alegre, no Walk Office Praia de Belas.
O projeto partiu da junção de dois conjuntos com formato retangular, originando um espaço praticamente quadrado, com área de 100 metros quadrados. Para atender as necessidades de uso do cliente, Felipe e seu sócio, também arquiteto, Juliano Dors criaram quatro gabinetes que abrem suas portas para o centro do imóvel, onde se encontram estar, uma posição administrativa e a copa. Os dois banheiros foram mantidos em sua localização original.
Complementam o projeto sala de reuniões e recepção, “que se organizam através de simetrias e equivalências”, explica Felipe. A composição é equilibrada e, como se vê na planta baixa, surpreende pela angulação das delimitações, que saem do esquadro habitual de 90 graus.
A sutil elegância do branco
Os ambientes foram definidos por divisórias Tradesign, com vidros duplos, persianas móveis internas e estruturas de alumínio, possibilitando privacidade quando preciso. Para o piso, usaram carpete Mist da Interface na maior parte da área – um pequeno trecho, que não aparece nas fotos, recebeu granito preto. Fora essa pequena licença, todo o conjunto mantém o branco (incluindo a marcenaria em MDF e acabamento em laca), com pequenas e pontuais variações, como cor predominante. “De um modo geral, nossos projetos apresentam uma matriz neutra, o que se obtém com gestos de rigor e austeridade. A adoção de poucas cores é um deles, o que resulta mais limpo e bonito”, defende Felipe.
A copa aberta (bem abaixo), onde o tampo da pia é Silestone, segue a mesma paleta, e o material reaparece na mesa redonda de reuniões (alto), desenhada pelos arquitetos. A base e o círculo central, que sustenta o tampo, são em MDF. Chamam a atenção em todos os ambientes as aberturas no forro, “criadas para instalar os difusores de ar condicionado, cada abertura correspondendo exatamente a uma cubeta da laje nervurada”. Além disso, o recurso serviu para ampliar a percepção do espaço. “Tem-se a sensação de que o pé-direito é mais alto”, complementa o arquiteto. Na iluminação, predominam as luminárias de LED, mas há algumas fluorescentes, todas estrategicamente distribuídas para garantir conforto tanto nos ambientes de trabalho quanto nos de estar.
Com exceção das cadeiras pretas que acompanham a mesa de reuniões, as demais são Herman Miller. A branca, em frente à posição administrativa no centro do espaço, se chama Sayl Chair, e tem a assinatura do suíço Yves Béhar. Em cada detalhe, o projeto ficou na medida daquilo que o cliente, em poucas palavras, solicitou: “nem muito clássico, nem muito moderno”. Pedido mais do que atendido pelos arquitetos, que esbanjaram habilidade saindo do óbvio com uma elegância simples, porém muito marcante.
Felipe Pacheco Arquitetos
O escritório Felipe Pacheco Arquitetos tem foco em projetos arquitetônicos e gerenciamento de execução de obras para espaços comerciais e corporativos. Seu titular, arquiteto Felipe Pacheco, é também mestre em Teoria, História e Crítica da Arquitetura pelo Propar/Ufrgs, professor universitário, e foi várias vezes premiado com projetos de arquitetura e planejamento urbano.
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(Texto Marjori Michelin)