A Tramontina sempre consegue surpreender. Visitei recentemente em Carlos Barbosa, na Serra Gaúcha, o novo Centro Educacional Ivo Tramontina (CEIT), onde ocorreu no auditório um talk sobre Soluções para a Cozinha (tema de outro post mais adiante), com tempo para visitar a loja T Factory, onde encontramos no café o sinônimo de Tramontina, Clovis Tramontina, sempre um bom papo com alto astral. Mas o foco agora é o projeto do CEIT que se tornou obrigatório pela qualidade do projeto de uma dupla de arquitetos.
O pavilhão foi abraçado pela arquitetura de Ângela Burgel e Fabiano NeuhausArquitetura do CEIT
Com pouco mais de 5 mil metros quadrados de área total, o retrofit do pavilhão industrial da empresa hoje reúne recursos contemporâneos e, portanto, tecnológicos, junto a elementos do espaço original com aproveitamento criativo, como o piso de tacos de madeira aplicado nas paredes (ao fundo na foto abaixo). Simplificando, a sensação de amplitude combinada à incidência de luz natural transmite bem-estar a quem adentra o espaço central térreo do Centro Educacional Ivo Tramontina.
Esse efeito vai ao encontro do conceito de “praça coberta” pretendido pelos autores da proposta: o projeto arquitetônico é dos arquitetos Ângela Burgel e Fabiano Neuhaus, com execução do engenheiro Jean Lazzari, e a sinalização, da Zon Design, item importante não apenas para a funcionalidade, mas também para a composição visual dos ambientes.
Proposta de adotar o pavilhão
Ângela explica que a ideia inicial era construir uma edificação nova no local, mas na primeira visita ao pavilhão preexistente ficou claro o potencial do prédio, revitalizado e associado a uma ampliação projetada no entorno:
– Para surpresa dos clientes, apresentamos um estudo em que preservaríamos o pavilhão, incluindo o telhado e sua maravilhosa iluminação natural, assim como a volumetria externa e os elementos internos mais relevantes, e construiríamos os ambientes novos em estrutura metálica em steel frame. Depois do susto inicial, o cliente abraçou com entusiasmo a proposta.
Natureza como parte do projeto
Como detalha Ângela, o conceito adotado foi o de uma “praça coberta”, que interconecta os diversos espaços, alguns nos mezaninos laterais, voltados para esse amplo espaço central que tem na construção original sheds (aberturas no telhado) mantidos, favorecendo iluminação e o fluxo vertical do ar. Assim, o projeto incluiu “espaços abertos”, com ventilação e iluminação naturais, e vegetação entre um ambiente fechado e outro.
– Esses três elementos, premissas do design biofílico (biofilia: amor à natureza; design biofílico: está presente em ambientes que satisfazem a nossa necessidade de conexão com a natureza), promovem o bem-estar, aumentam a produtividade e bom humor dos usuários da edificação – ressalta a arquiteta.
Solução sustentável
Claro que esses elementos indicam que conceitos sustentáveis estão presentes neste retrofit, além do próprio projeto adotar a construção preexistente. Nas áreas comuns da grande praça coberta, a climatização é feita por meio de um sistema inteligente de ventilação natural, com as condições internas monitoradas. O sistema gerencia a troca entre ar exterior e interior através de grandes ventiladores e dutos, assim como a abertura e fechamento das esquadrias e persianas externas. Somente os ambientes fechados contam com sistema de ar-condicionado.
Para entender melhor o prédio e os espaços funcionais
No térreo, de 2.960 metros quadrados, ficam a praça coberta com café, duas salas de aulas, consultórios médicos, área corporativa, cozinha para eventos, sanitários, academia/ ioga, fisioterapia, vestiários e foyer para auditório (preexistente).
As atividades previstas para o pavimento acima, de 1.680 metros quadrados, contam com cinco salas de aula (duas se convertem em miniauditório), salas de reuniões, biblioteca, oficina de informática, sanitários e espaço para ampliação.
Estacionamento para funcionários e áreas técnicas (subestação e minicentral de tratamento de água) estão localizadas no subsolo, de 490 metros quadrados.