Você já leu a edição de abril de Casa Vogue? Está bem interessante. Trata de temas importantes quando olhamos para o futuro do Planeta com P maiúsculo, nossa mãe Terra. Vamos conhecer alguns assuntos do momento.
Substâncias vegetais criadas em laboratório e experimentações com resíduos da indústria e da agricultura estão na raiz das novas matérias-primas desenvolvidas em prol da causa ambiental. Resíduos de cana-de-açúcar se convertem em plástico, folhas de cactos e ramos de cogumelos resultam em alternativas para o couro. Desejos para um mundo mais ecologicamente correto? Melhor: isso já é realidade. Esse tipo de matéria-prima preparada com base em plantas e substâncias orgânicas (graças a pesquisas de bioquímica e bioengenharia) recebe o nome de biomaterial, termo que em 2019 foi incorporado ao vocabulário do design quando, na ocasião, foi eleito material do ano pelos organizadores do London Design Festival.
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“As biotechs, empresas que atuam nessa área, começam a despertar interesse e atrair investimento”, diz Carol Piccin, sócia-fundadora da MateriaLAB, consultoria especializada em orientar companhias e profissionais sobre componentes sustentáveis. Além de substituírem compostos poluentes, muitos dos biomateriais reutilizam sobras da agricultura e da indústria e, assim, ajudam a resolver o grave problema do lixo.
A Fundação Ellen MacArthur, organização internacional difusora dessa ideia, diz em seu guia de design que, manter os materiais dentro da cadeia produtiva pelo maior tempo possível colabora para frear a extração de recursos finitos e promover a regeneração de ecossistemas. “O designer, hoje, deve se preocupar com a procedência e o destino dos ingredientes que usa em seu trabalho. Ele precisa planejar o descarte de suas peças, e como desmontar e reinserir cada parte delas no ciclo de fabricação”, explica a arquiteta Léa Gejer, fundadora da Flock, consultoria para projetos de design e arquitetura circulares, e sócia do site educativo Ideia Circular.
O mindset da colaboração responde por algumas das junções de talentos mais interessantes e emocionantes dos últimos tempos no desenvolvimento de biomateriais. Em Maceió, por exemplo, os designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio e o Instituto A Gente Transforma uniram forças com a comunidade de catadores de sururu do entorno da Lagoa de Mundaú, e especialmente com o artesão Itamácio Santos, para criar o cobogó Mundaú, elemento vazado que incorpora as cascas descartadas do molusco em uma manufatura semiartesanal.
Lá fora, o casamento entre os universos do design e dos biomateriais já rendeu frutos como o Desserto, couro vegano feito de cactos, o Carbon Tile, ladrilho de cimento e carbono capturado da poluição do ar, e o Mylo, tecido com aparência de couro composto de micélio (a parte fibrosa dos cogumelos). E tudo conspira para que mais escolhas de bem com a natureza brotem.
Essas e outras iniciativas de matérias-primas desenvolvidas em prol da causa ambiental, além de outros conteúdos correlatos, na edição de abril da Casa Vogue.