Artistas reconhecidos das épocas dos anos 1970 e 1980 têm suas obras reunidas em mostra no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli chamada Nervo Óptico e os novos meios – experiências na arte contemporânea, com curadoria da equipe do museu. A mostra, que pode ser visitada até 11 de março de 2018, dá continuidade à proposta de divulgar a história da arte no Rio Grande do Sul a partir de obras do Acervo do MARGS: este módulo contempla as ações realizadas por um coletivo de jovens artistas gaúchos, ligados ao Instituto de Artes da UFRGS, intitulado Nervo Óptico. Daí o nome da exposição.
Entre as décadas de 1970 e 1980, esses artistas passam a experimentar novas linguagens para expressar suas poéticas visuais, dentre elas, fotografia, instalações, performance, super-8, objetos, fotomontagem; sem a preocupação com o suporte, muito menos em gerar um produto final, apenas queriam manifestar-se artisticamente. Inicialmente, o coletivo era formado por Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Clóvis Dariano, Mara Alvares, Vera Chaves Barcellos e Telmo Lanes. Também fizeram parte os artistas Jesus Escobar e Romanita Disconzi.
Em 1976, assumiram uma posição pública de repúdio às políticas culturais locais que valorizavam a arte somente como objeto de mercado, por meio de um “Manifesto” (cartazete) e uma exposição-relâmpago (24 horas ininterruptas), denominada “Atividades Continuadas”, no Museu de Arte do RS – MARGS. Os cartazetes ou publicações do Nervo Óptico além de divulgar a produção dos artistas serviam também como espaço expositivo de suas propostas. Em 1977, lançaram o primeiro periódico – de um total de 13 edições – intitulado “Nervo Óptico”, com uma tiragem de três mil exemplares distribuídos gratuitamente a críticos e artistas locais e internacionais, visando ampliar a rede de diálogo sobre arte, o que gerou uma maior legitimidade e visibilidade ao coletivo e suas novas proposições.
O Centro Alternativo de Cultura Espaço N.O.”, mais conhecido como “Espaço N.O.”, idealizado em 1979, por Vera Chaves Barcellos e alguns alunos do Instituto de Artes da UFRGS, deu prosseguimento ao trabalho iniciado pelo coletivo, visando criar em Porto Alegre um local destinado às atividades relacionadas à arte contemporânea, realizando exposições, palestras, cursos, debates, tanto nas artes visuais, quanto nas áreas da dança, teatro, literatura e música. O coletivo de artistas Nervo Óptico, com sua atitude provocativa e sua postura irônica, se desfez em 1978, deixando uma reflexão sobre o que era ser artista, para que servia a arte, quem a consumia questões que marcaram um período de intensa renovação no meio artístico/cultural local e que reverbera até os dias atuais.
O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.