Simples assim: apaixonados por tapetes, a arquiteta Karen Feldman e o marido, Antonio Maestri, começaram a reforma da sala de sua casa, com cerca de 45 metros quadrados, pela base. Um tapete paquistanês clássico, feito de lã sobre algodão, com o aspecto envelhecido obtido pela lavagem com chás, assumiu o comando das escolhas estéticas.
– Para a maioria das pessoas, o tapete é a última escolha, mas eu penso que é tão importante como sofá, mesa de centro e quadros – ressalta Karen, que precisou fazer o inventário das obras de arte da coleção do casal para integrar o acervo à nova proposta do estar pós refresh.
O tapete atende pelo nome de Ziegler e recebeu a visita do casal pela primeira vez em um domingo, na Expresso do Oriente, no DC Shopping. A loja providenciou várias opções para testar na sala superior da morada na Zona Sul de Porto Alegre, mas o Ziegler foi consenso entre o casal, para alívio da arquiteta. Isso porque o médico prefere estilo em que haja a predominância de peças de antiquário no ambiente, e a arquiteta se identifica com uma proposta contemporânea.
Em torno do tapete maior, de 4m x 3m, outros dois demarcam o estar, para contornar o problema da existência de um pilar. Como o Ziegler não poderia cobrir toda a área, recebeu o reforço de dois menores, um Nepal Hemp (de cânhamo e lã sobre algodão, com design clean) e outro Ziegler, sobrepostos ao principal, com a mesma identidade. Karen ensina que, para sobrepor tapetes, é preciso escolher peças de espessuras e tons similares.
Guia de escolhas
Há outro segredo, este na hora de montar o ambiente: a arquiteta ressalta que, conforme a posição em que o tapete é colocado, a tonalidade pode se apresentar mais fechada ou aberta. No seu caso, Karen escolheu dispor de forma a valorizar a aparência clara, que mostra os tons de bege do Ziegler menos intensos.
Como a reforma incluiu a troca de tabuão por porcelanato 90cm x 90cm em tom cru, dentro da paleta cromática neutra e suave, todas as escolhas passearam entre off white, beges, cinzas e fendi. Fazendo um pano de fundo, o painel com revestimento de melamina com brilho sobe um pouco o tom.
Mas, atenção, sempre houve o cuidado de não mimetizar o tapete com o piso, condicionante que levou a testar o tapete no local para fazer uma escolha precisa.
Esse cuidado com o tapete como o guia de todas as escolhas reflete uma característica da profissional:
– Preciso colocar uma condicionante, por isso adoro reforma: sempre tem algo que não pode tirar do lugar. E, nas mostras, crio um cliente – conta Karen, sobre sua estratégia para ter um Norte ao iniciar um trabalho.
Em um outro projeto, desenvolvido para uma cliente, a reforma foi toda definida por Karen a partir dos tapetes. A arquiteta lembra que a força dos tapetes chegou ao ponto de a tonalidade do ambiente ter sido clareada para eles serem os protagonistas no décor.
À luz das intervenções
O ambiente tem o volume da chaminé que vem do andar inferior e, atrás desse pilar, uma área com a cobertura de telhas translúcidas em área onde havia um jardim de inverno, anexado ao estar na reforma anterior, há dois anos. Assim, a iluminação natural garante claridade durante o dia. À noite, Karen liga o abajur para criar uma atmosfera aconchegante a quem passar pelo estar superior.
Não rebaixar com gesso e, mesmo assim, ter os pontos de luz desejados, foi uma facilidade pela obra de conserto no telhado, que apresentava uma infiltração – motivo para a nova reforma. Assim, foram puxados acessos nos locais onde havia necessidade, como para os trilhos com luminárias. Entraram em cena lâmpadas de LEDs com PAR 20 para banhar o ambiente e dicroicas para pontuar obras de arte, objetos e móveis de design e de antiquários, em saudável contraponto.
Em harmonia, convivem ainda esculturas e pinturas, a coleção de cigarrilhas de Karen – como quase toda coleção, começada ao acaso – e as poltronas Voltaire, de Sergio Rodrigues, e a espanhola do século 18 que Karen garante ter visto igual na sacristia da catedral de Barcelona.
Resultado: durante o dia, o filho Lorenzo gosta de estudar na poltrona do Ícone do design brasileiro revestida de camurça em tom fendi e, à noite, o ambiente virou pit stop de Karen e Antonio, degustando sem pressa, quem sabe, um limoncello de autoria dele, com a sua produção caseira de limões, para lembrar de Roma. Eventualmente os filhos, Thales, Rafaela e Lorenzo, passam por ali para conversas tranquilas antes de rumarem para seus dormitórios. Claro, com a presença fluida de Dora – de pelagem nos tons do ambiente. É a sustentável leveza do projeto de Karen Feldman, um ambiente com tudo no layout em harmonia, do tapete às obras de arte.
Karen Feldman Arquitetura e Interiores
Rua Padre João Batista Reus, 496, Porto Alegre (RS)
Fones (51) 3269-0586 e 99901-3646
E-mail karen@karenfeldman.com.br