Uma vida mais flow e menos hard, quem não quer? O caminho para chegar lá passa por ter menos e usufruir mais, assim, compartilhar é preciso. Profissionais de diversas áreas e idades (não só os mais jovens, como se poderia supor) descobrem que esse modo de trabalhar pode ser um bom negócio. A ideia, normalmente voltada a propostas bem despojadas, chegou a um imóvel moderno, bem-planejado e com infraestrutura top. O projeto leva a assinatura da Mundstock Arquitetura, das arquitetas Lisandra e Luana Mundstock, e da Red Studio, de Thais Lenzi Bressiani. Desde 2013 os dois escritórios realizam projetos em parceria.
Localizado no Moinhos de Vento, ocupando dois andares do número 777 da rua Mostardeiro, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o Flowork oferece salas mobiliadas para locação por hora, dia ou mês, com áreas de cinco a 25 metros quadrados. Pode-se, inclusive, contratar apenas uma mesa de trabalho, dividindo a sala com outros profissionais. A amplitude fica por conta das áreas comuns, que dão conta do que cada um teria que providenciar sozinho caso ocupasse um imóvel nos moldes tradicionais.
O 14º andar já está em operação, com 25 salas para locação e área comum com cerca de 80 metros quadrados dividida em recepção, hall, estar, copa, duas salas de reuniões, estação com impressoras, lockers e duas cabines telefônicas. Em obras, também com projeto dos dois escritórios de arquitetura, o 15º andar contará com sala de reuniões, copa, estar, terraço com grama sintética e 14 salas para locação.
Sustentável leveza
Para elaborar este projeto, as arquitetas partiram do conceito do próprio empreendimento, criando ambientes leves e fluidos, com essência flow, mas queriam, também, que fugisse de qualquer ideia de improvisação. “Optamos por características contemporâneas e informais, mas capazes de agradar profissionais e empresas de todas as idades e portes, por isso, a atmosfera do ambiente é descontraída, ao mesmo tempo em que transmite estabilidade”, diz Lisandra.
Na recepção, com iluminação tubular e placas de LEDs no forro, um painel ripado em melamina preta faz contraste com o balcão de atendimento, também em melamina, mas em tom claro, num bonito jogo de claro-escuro que se intensifica pela luz natural que as grandes janelas deixam entrar. Se a ideia for menos claridade, é só fechar as cortinas rolô clarinhas. Contígua, a sala de estar tem sofá em tecido cinza chumbo, da Oppa, e grandes módulos revestidos em melamina clara, que servem como aparador e mesa de trabalho, acompanhados por bancos altos, de um lado, e, no outro, como encosto para uma dos ângulos do sofá. Um jardim suspenso, sobre esses mesmos módulos, segue a leveza proposta em todo o projeto e dá um toque alegre ao ambiente.
Na copa, também próxima à recepção, a bancada e os armários em melamina preta têm tampo em granito da mesma cor, dando destaque ao módulo suspenso em laca branca e ao painel colorido formado por plaquetas cerâmicas. “Usamos preto e amarelo, que são as cores do empreendimento, com mais dois tons de verde, buscando dar mais vivacidade ao ambiente, que também é uma área de convivência”, explica Lisandra. As lixeiras, acopladas aos armários, são próprias para o descarte seletivo, mantendo a coerência e a contemporaneidade do projeto.
Próxima à porta de entrada, uma pequena sala aberta é ideal para receber visitas ou bater um papo rápido. Num dos pontos da circulação, chama atenção o conjunto de lockers revestidos em melamina clara e escura, formando uma aleatória e interessante geometria.
Coletivo com privacidade
A separação entre as salas locáveis e a circulação é feita por esquadrias em alumínio com vidro, seguindo a ideia de fluidez do projeto. A privacidade é garantida pela película aplicada em parte da superfície, mantendo a transparência nas áreas próximas ao piso e ao forro.
O piso vinílico tem padrão concreto nas áreas comuns e madeira reguada nas salas internas, demarcando bem cada setor. Para as paredes, a escolha das arquitetas foi por cinza claro, exceção às que ficam em frente às salas de reuniões, uma verde e outra azul, justamente para sinalizar sua localização.
Uma das salas de reuniões é mais formal e pode receber até oito pessoas, enquanto a outra, bem mais descontraída, é para seis. Nesta, circundam a mesa, em melamina clara, três cadeiras com pés palito e assento e encosto revestidos em tecido, e um confortável sofá, no mesmo padrão daquele da recepção, em cinza-chumbo, também da Oppa. Nos dois ambientes, o carpete ganhou composição de recortes assinada pelas arquitetas em vários tons de cinza.
O trabalho das três arquitetas prova que o novo encontra mais fácil o seu lugar quando chega pedindo licença.
O Flowork
Além de instalações, o Flowork oferece serviços aos ocupantes. De bicicletas compartilhadas a gerenciamento de correspondência, limpeza e manutenção, internet de fibra ótica e secretária. O empreendimento fica aberto 24 horas por dia e é o resultado de uma série de pesquisas que seus proprietários fizeram pelo mundo até encontrar o modelo que acreditavam daria certo em Porto Alegre. Parece que acertaram.
Mundstock Arquitetura
Depois de trabalharem separadamente com outros arquitetos, as irmãs Lisandra e Luana Mundstock criaram seu próprio escritório há cinco anos, com olhos voltados aos mercados residencial e corporativo.
Rua 24 de Outubro, 1681/710
(51) 3519-0419 – Porto Alegre, RS
www.mundstockarquitetura.com.br
Red Studio
Depois uma temporada em Milão, onde cursou Design de Interiores pelo Istituto Europeo di Design, e Londres, em 2007, a arquiteta Thais Lenzi Bressiani retornou ao Brasil e criou o Red Studio. A partir de 2016, o escritório direcionou suas atenções ao segmento da arquitetura corporativa e comercial.
Praça Júlio de Castilhos, 20/403
(51) 3207.7779 – Porto Alegre, RS
www.redstudio.com.br