Reforma: retirada de uma parede muda todo apartamento

Apartamento reformado pela arquiteta Andrya Kohlmann
Apartamento reformado pela arquiteta Andrya Kohlmann

A integração de ambientes com a retirada de uma só parede deste apartamento de 70 metros quadrados resulta em nova impressão espacial. Os arquitetos Andrya Kohlmann e Rafael Lorentz, do escritório Boa Arquitetura, capitanearam uma grande reforma neste imóvel localizado nas proximidades do Shopping Iguatemi, em Porto Alegre. O proprietário deveria morar lá sozinho, mas quando tudo ficou pronto, passou a contar com a companhia da namorada, que mudou-se com ele. A versatilidade do projeto, com sua paleta de cores neutras e propostas bem atemporais, sem estereótipos, do tipo “apartamento para homem solteiro”, permitiu que ele passasse a servir ao casal com a mesma eficiência, sem necessidade de adaptações ou novas mudanças.

Cozinha, jantar e estar com o conforto da integração
Cozinha, jantar e estar com o conforto da integração (Fotos Marcelo Donadussi, Divulgação)

A remodelação foi total, já que o layout original, com três dormitórios e uma sala bastante pequena, não se adequava às expectativas do futuro morador. “Optamos por utilizar o espaço do terceiro dormitório como uma possibilidade de ampliar tanto a suíte, quanto o espaço social”, diz Andrya. Ao lado disso, a cozinha foi integrada à sala, resultando, provavelmente, no espaço mais interessante de todo o projeto.

Apartamento reformado por Andrya Kohlmann
Alteração privilegiou a cozinha 

Base negra com horta de temperos

O volume preto, com marcenaria em MDF, formado pela pia, bancada em granito São Gabriel, equipamentos e churrasqueira, é cheio de personalidade, seja pela forma, seja pela cor, tudo evidenciado pelas luminárias de LED embutidas. Sobre a pia, o detalhe do mosaico da linha Chez Moi, que mescla vários tons de bege, foi criado pelo escritório. É um ponto claro que ilumina o conjunto sem tirar-lhe a dramaticidade. O recanto negro se sobressai ainda mais por conta da ilha que o complementa: em MDF na cor Amêndoa Rústica, acomoda uma horta, com temperos variados, literalmente à mão de quem cozinha.

Horta urbana
Horta urbana

Os verdes foram plantados em vasos individuais, o que dispensou instalações específicas e permite eventuais substituições com bastante facilidade. O mesmo tom de madeira clara se repete nas prateleiras suspensas do móvel escuro da cozinha, que têm iluminação embutida, e na base que suporta o cooktop. A ideia da horta foi proposta pelos arquitetos, atentos ao item do briefing do cliente em que mencionava seu gosto por plantas. “Foi também uma forma de destacar o móvel e de quebrar o preto conceitual da cozinha”, explica a arquiteta.

sala de jantar

Espaços para conviver

Resultado da integração, a partir da cozinha, é possível acompanhar e interagir com o que acontece na sala de estar, no pequeno jantar, com a mesa Saarinen de tampo em mármore, no ambiente da TV, onde se destaca o painel em tijolinhos, da linha Taylor Made Bricks, na cor Giorgio, e no recanto do escritório.

Apartamento reformado

Nestes dois últimos, o MDF branco diamante predomina no mobiliário, garantindo leveza e contraste com o onipresente bloco negro do fundo. A cadeira do escritório, Eames, tem pés de madeira e assento também branco, em plástico.

Estar e escritório conectados
Estar e escritório conectados

No estar, o móvel em MDF cinza que abraça o sofá de dois lugares, revestido em tecido da mesma cor, funciona como banco, finalizado por almofadas pretas e em padrão chevron preto e branco, criando um segundo espaço de convívio. Dele, é possível acompanhar mais de perto os trabalhos na churrasqueira, instalada em uma das laterais da cozinha, quando for dia de receber amigos em torno da especialidade gaúcha. À sua frente, as banquetas Fabric têm pés em metal e assento de madeira.

Churrasqueira na sala

Para a iluminação do estar/jantar, os arquitetos optaram por uma linguagem industrial, usando um trilho com spots de LED, atendendo a sugestão do cliente que demonstrou interesse em ter alguma referência dos típicos lofts nova-iorquinos no projeto. Essa também foi a motivação para deixar em concreto aparente a viga estrutural preservada na demolição da parede. A luminosidade externa é controlada por persianas rolô de tela solar.

Lavabo

Como o proprietário não queria investir muito na reforma do lavabo, Andrya e Rafael deram fôlego ao espaço com recursos bem simples, como a pintura dos azulejos originais com tinta epóxi. Novos, o móvel em MDF preto, a cuba em granito na mesma cor e um grande espelho com profundidade para apoiar quadros, formando uma minipratleira bem prática, receberam destaque com a luminária Meriti.​

Maior, suíte ganhou praticidade

O piso vinílico da linha Loft, na cor Treviso, foi usado em todo o apartamento, incluindo a área íntima, onde a apropriação de espaço do terceiro dormitório permitiu que a suíte ficasse maior. Com a demolição da parede e sua substituição por gesso, foi possível instalar o armário embutido, com uma nova cuba, escavada em mármore Carrara, mesmo material do tampo. ​ A peça, finalizada pela luminária horizontal Flat, está integrada ao dormitório, mas reservada o suficiente para não interferir na ambientação deste. Dentro do banho, o vaso foi deslocado e o box ampliado, com direito a um nicho para acomodar itens de higiene, criando um espaço mais confortável e prático do que o original.

Banheiro da suíte

Na suíte, as portas do armário de correr são revestidas com melamina branco diamante, mesma cor da cabeceira e das mesas laterais em marcenaria, que formam um bloco único e contrastam com o fundo, pintado de cinza. Em frente à cama, uma parte da parede é coberta por espelho e outra, por um painel de MDF branco, pronto para receber a TV. Com área maior, foi possível criar um móvel com duas úteis funções, gaveteiro para guardar roupas de cama e banco para sentar-se, que pode servir, ainda, como prático suporte para o momento de vestir-se.

Suíte em tons de cinza
Suíte em tons de cinza e branco

Todo o processo de reforma consumiu seis meses de trabalho dos arquitetos, satisfeitos com o resultado, conforme conta Andrya. “Foi bacana acompanhar a transformação do apartamento com cômodos pequenos e pouco funcionais; já a partir da demolição da parede do terceiro quarto, a impressão espacial mudou completamente.”

Boa Arquitetura

​​​A arquiteta Andrya Kohlmann é pós-graduada pela Domus Academy de Milão, mestre em Arquitetura pela UFRGS e cursa doutorado na mesma universidade, onde também atua como estagiária docente. O arquiteto Rafael Lorentz cursa doutorado na IUAV em Veneza. Juntos, estão à frente da Boa Arquitetura, onde, segundo eles, mantêm uma proposta bem autoral, procurando imprimir sua marca em cada um de seus projetos.

 

Rua Barão de Santo Ângelo, 462/202, Porto Alegre

(51) 99908-8190/ 99675-1918​

andrya@boaarquitetura.com/rafael@boaarquitetura.com

(Texto Marjori Michelin)

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