Sala ousada com sofá redondo integra espaços de estar, jantar, escritório e bar

A partir de um briefing inusitado de criar uma sala escura que lembrasse uma caverna, com predominância do preto, a arquiteta Caroline Kreling pode exercitar a criatividade sem deixar de lado o estilo luxuoso que marca os projetos do escritório próprio, mantido em Porto Alegre. Em um espaço amplo e aberto, ela criou quatro ambientes dentro de um: escritório, sala de estar, sala de jantar e bar.

“A maioria dos clientes me pede áreas claras, com predominância do branco, mas esses queriam um ambiente mais intimista e escuro, que projetei mantendo a suavidade apesar do uso do preto em diversos móveis”, explica a arquiteta. O ponto de partida da sala é o hall de entrada, onde Caroline projetou uma estrutura de ferro e espelhos que segue por toda a parede lateral, levando os visitantes à sala de jantar. Ainda no hall, um aparador preto e um puff cinza com franjas, desenhado pela arquiteta, completam o ambiente. “O puff foi desenhado para outro projeto, mas a cliente gostou tanto que eu inclui ele nesta sala também, com outra cor”, conta Caroline.

A continuidade da estrutura de ferro e espelhos do hall até uma das paredes laterais do espaço leva os visitantes à sala de jantar, onde outro aparador preto ganha destaque. Ao contrário do primeiro aberto e pequeno, apenas com função de apoio, o segundo móvel conta com quatro portas, sendo útil também para guardar louças. Com molduras nas portas e puxadores posicionados no centro delas, o aparador de laca ganha ar luxuoso que é ainda mais evidenciado pelo tampo revestido de espelho. Posicionado em frente à parede espelhada, o móvel proporciona um encontro de reflexos que amplia o ambiente.

Já a mesa, feita para 10 pessoas, foi desenhada por Caroline com objetivo de acolher os moradores e os amigos com conforto e elegância. Com três metros de comprimento, o móvel foi produzido em mármore Carrara, que tem tons de branco e cinza, sem emenda. “Por causa do tamanho e do peso da pedra, ela teve de ser içada até o apartamento”, revela a arquiteta. Para combinar com o material, ela escolheu veludo verde-esmeralda para as duas poltronas, que ficam nas extremidades da mesa, e para as oito cadeiras, posicionadas nas laterais. A opção pela cor levou em conta também o lustre clássico, escolha da proprietária, que possui pedras verdes e cristais. Juntos, o objeto e os assentos formam os pontos de cor do ambiente, que ganham destaque diante do preto, do branco e dos espelhos.


Depois da estrutura de ferro preta e espelhada que reveste a parede da sala de jantar, a arquiteta usou um revestimento ripado de madeira preto para dar início ao bar. Assim, embora abertos, os ambientes ganham delimitação. No bar, novamente os espelhos ganham destaque, posicionados atrás das prateleiras das bebidas. Ao lado, o tampo da churrasqueira, feito em madeira preta, também ganha uma moldura, assim como o aparador da sala de jantar.

Já a bancada, produzida em mármore preto, acrescenta um segundo ponto espelhado do ambiente, refletindo as bebidas do bar. Nos pés desse móvel, Caroline usou o mesmo painel ripado da parede e, para as oito cadeiras, optou por couro preto com textura e acabamento com tachas. “Um ponto importante desse ambiente foi ter o cuidado de deixar as bebidas na posição sul, para que não pegassem sol. Os espaços precisam ser úteis”, explica.

Quanto à iluminação, segundo a arquiteta, a escolha pelas luminárias em circunferência foi para “dar uma cara mais descolada ao ambiente”, em contraste com o lustre clássico da sala de jantar. O espaço ainda possui uma área para convivência, com três sofás: dois pretos, posicionados nas laterais, e um listrado preto e branco, colocado no centro. Um aparador rústico, feito de metade de um tronco de árvore, divide o ambiente da sala de estar, onde os moradores e convidados podem assistir televisão.

 

São destaques nesse ambiente a mesa de centro, criada a partir da conexão entre diversas peças quadradas de madeira maciça, e o revestimento da lareira em mármore, a mesma pedra usada na mesa de jantar. No espaço, mais assentos compõem o projeto: um sofá bege, duas poltronas pretas, um puff animal print (escolha da proprietária) e, a peça principal, um sofá redondo branco. “Fizemos o molde desse sofá em papel pardo no ambiente e fomos diversas vezes ao fornecedor acompanhar a execução, para que o resultado ficasse surpreendente. Ele foi literalmente moldado. Foi inspirado em algumas feiras internacionais, porque queria propor um layout diferente e criativo para a sala, não queria fazer mais do mesmo”, conta a arquiteta.

Assim como o sofá, Caroline desenhou uma floreira redonda, para ficar atrás do móvel. Nela, plantou folhagens altas que funcionam como uma divisória entre a sala e o escritório. Chamadas de Ficus lyrata, acrescentam privacidade ao ambiente de trabalho, mas sem isolá-lo completamente. “Essas plantas são uma referência americana, pois são muito usadas nos ambientes de Miami (na Flórida)”, explica a arquiteta.

Já quanto ao escritório, Caroline recebeu o briefing de criar um ambiente com biblioteca, que foi idealizada a partir de uma estante com bichos iluminados e de molduras clássicas. Em termos gerais, conforme a arquiteta, o ambiente se destaca pela ousadia. “Usamos muito preto, tecidos estampados e listrados e misturamos estilos. Uma aposta ousada que, bem trabalhada, formou um ambiente luxuoso e acolhedor”, completa.

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