“A simplicidade é o mais alto grau da sofisticação”. Esta frase de Leonardo Da Vinci norteia a proposta deste projeto atemporal do escritório Angela Snel Arquitetura, Interiores e Iluminação. A reforma privilegia a área social de apartamento de 320 metros quadrados com as três suítes originais reduzidas a apenas uma para ajustar a planta à necessidade da jovem proprietária. E tudo usando pouca informação – o clichê “menos é mais” tem o seu valor – e muita qualidade nas escolhas de materiais e mobiliário: basalto lixado, piso laminado e porcelanato formam as superfícies formando contrapontos com vidro e espelho. Integração, a tônica da reconfiguração do layout, levou à unificação dos espaços de cinco ambientes – duas suítes, gabinete, estar e jantar – proporcionando uma área social de 143 metros quadrados com economia na paleta de cores. Apenas a cozinha, de 25 metros quadrados, não foi integrada aos ambientes de convívio. Há ainda 72 metros quadrados de área íntima com suíte, closet, dois banheiros, sacada e jardim dentro do quarto.
Paleta de cores composta por tons nudes, cinzas e preto contribui para a uniformidade do projeto com várias áreas de convívio no living. O imóvel, em prédio na Grande Porto Alegre de 30 anos com a característica de ter um apartamento por andar, conta com este projeto de interiores criado pelo escritório Angela Snel Arquitetura, Interiores e Iluminação, que tem sede em Novo Hamburgo há 30 anos. Atualmente, a designer Angela Weissheimer Snel e o arquiteto Tiago Mineiro assinam trabalhos residenciais e comerciais pelo Brasil.
Harmonia e conforto
– Quem entra no apartamento, tem sensação de amplitude, ao mesmo tempo em que o espaço é ocupado por cinco ambientes de forma harmônica: estar, lounge com adega, jantar, estar íntimo e bar – ressalta Angela.
Longevidade e design
A profissional conta que foram muitos os desafios a vencer até chegar no detalhamento dos ambientes e passar a sensação pretendida pelos criadores do projeto executado há nove anos. Com a característica da atemporalidade, a proposta é atual até hoje. Angela admite que possam ser feitas pequenas alterações de cores e tecidos, mas a ideia é a de os ambientes terem vida longa. Para Angela, “um bom trabalho pode perdurar por mais de 15 anos”.
– Procuramos fazer com que o cliente entenda que o investimento em cadeiras, banquetas e mesas assinadas por designers, além de agregar valor, fazem parte de uma construção de projeto em que o desenho das peças se destaca – acrescenta Angela, que especificou móveis com as grifes de Sergio Rodrigues e Jader Almeida.
Funcionalidade e estética caminham juntas nessa proposta, que tem 35 metros de sacadas: integradas aos ambientes internos com o devido nivelamento de pisos, as aberturas receberam persianas de madeira 5cm sobre a pele de vidro, com acionamento motorizado.
Jantar com tudo à mão, com os vidros e cristais no nicho criado na parede de basalto lixado. Os grafismos nos tapetes entram com informação para quebrar a hegemonia das cores sólidas
Luz na medida
A luminotécnica dos projetos fica por conta de Angela, que é pós-graduada em Design de Interiores e Illuminação pelo IPOG. Todo apartamento é rebaixado em gesso plano porque há muitas vigas. Angela especificou iluminação uplight e downlight, com a possibilidade de iluminar apenas a persiana, com iluminação de baixo para cima. As luminárias são intercaladas com pontos de luz de cima para baixo. O que “forma desenho lindo na persiana”.
– Casa tem que dar sensação de introspecção – defende Angela.
Quando alguém chega em casa tem que ter essa sensação introspectiva, por isso a profissional escolheu iluminação de 2.700K (temperatura de cor medida em graus Kelvin) porque a partir de 4.000K provocaria excitação. Diferentemente de uma fábrica, por exemplo, onde o indicado seria usar lâmpadas de 6.000K (de cor mais fria) para manter os funcionários alertas.
Cozinha na mesma paleta cromática e com as persianas especificadas para a área social. Angela faz questão de ressaltar “a presença de automação para perfeito funcionanento, regulagem e durabilidade” das persianas
Detalhe do lavabo, com jogo de tons neutros, transparêcias e materiais reflexivos
Vivência e inspiração
– Para nós, a fase de projeto é fundamental. Análise, simulação de uso e a vivência anterior à execução são fundamentais – diz Angela.
Uma pergunta de muito valor antes de ser feita proposta do projeto é “O que vocês não querem repetir?”, conta a designer de interiores, que não pede referências ao cliente.
Sua inspiração para chegar a um projeto certeiro?
– Eu me inspiro na arte: o profissional precisa ter experiências, vivências em mostras de galerias de arte, museus, cinema, teatro, música, etc. – diz ela, ávida por encontrar o diferente e exercitar a criatividade.