Laura Gonzalez, a Designer do Ano da mais recente Maison & Objet, edição da importante feira de tendências no décor realizada em setembro em Paris, assina projetos exemplares pelo mundo. E o próximo Designer do Ano da Maison & Objet, a edição de 17 a 21 de janeiro de 2020, é Michael Anastassiades, natural da ilha de Chipre, radicado em Londres, tem estilo bastante diverso de Laura Gonzalez, o que enriquece a iniciativa da feira de destacar profissionais em alta pelo mundo. A próxima M&O tem como tema (Re) Generation, de olho nas gerações Y e Z e o seu impacto, claro no estilo de vida e, consequentemente, no décor.
Neste mês de novembro, Laura Gonzalez abre um showroom que projetou com a sua identidade. A a arquiteta francesa chama o espaço de “Living Room” concebido em uma mansão revitalizada em Vexin. É um lugar onde Laura, conhecida por sua criatividade e talento para misturar de cores a materiais, pretende receber clientes, artesãos, chefs, jornalistas, em um espaço onde ela exibirá achados vintage – garimpar peças vintage é uma das suas paixões – ao lado sua nova gama de móveis, sofás, luminárias e mesas.
– Meu mobiliário é muito eu – tudo é feito sob medida, você pode escolher a cor da cadeira para combinar com um número infinito de tecidos – diz Laura.
As peças da coleção estarão ao lado de criações pontuais desenvolvidas com artesãos, como uma mesa de gamão de ônix. Esse novo projeto para uma marca que se encaixa perfeitamente com seu senso de exuberância latino, herdado da sua mãe espanhola.
Aos 37 anos, Laura Gonzalez já é bastante conhecida em Paris pela linguagem do seu trabalho, mas nos últimos dois anos tem chamado a atenção no exterior, estampando a sua “releitura do clássico” em uma série de restaurantes, bares, hotéis e lojas.
Identidade com alma
– Eu sinto que os espaços precisam ter a sua própria alma – diz a arquiteta francesa, que se formou na Paris-Malaquais School of Architecture e tem aplicado o seu estilo autêntico em cada projeto desde quando abriu o seu escritório, em 2008.
Laura teve a habilidade de revitalizar e trazer de volta a beleza de lugares como o Hotel Christine, o Alcazar e a Brasserie La Lorraine e a arquiteta projetou outros desde o início deixando aflorar o seu talento criativo, como foi o caso do 86 Champs, o Manko, o Noto, as lojas Louboutin em Barcelona e Amsterdam ou a Cartier de Estocolmo, Zurique e Londres. A arquiteta assinou todos esses projetos com o seu olhar apurado para cada detalhe, atualizando referências clássicas com uma generosa ajuda da sua imaginação.
– Eu faço questão de nunca fazer uma coisa duas vezes – ressalta a arquiteta, tendo os seus últimos projetos como prova disso.
No La Gare, um restaurante enorme em Paris no estilo brasserie, ela aplicou várias referências de sua viagem pelas margens do Mediterrâneo. Na loja Cartier também em Paris, o espaço que ela projetou se assemelha a um apartamento digno de Coco Chanel. E em um dos restaurantes parisienses mais icônicos, o Lapérouse, ela restaurou toda a carpintaria, obras de arte e afrescos de época, ao mesmo tempo em que adicionava o seu toque peculiar e romântico.
Composições únicas
Ninguém combina tecidos, estampas, materiais, cores e épocas como esta jovem e brilhante arquiteta. E como a própria explica: “eu amo adicionar uma infinidade de detalhes aos projetos, isso garante sempre algo interessante, não importa onde o seu olhar focar.”
O amor da arquiteta por misturar e combinar ficou claro no segundo em que ela revelou seu primeiro projeto como recém-formada, com apenas 26 anos. O projeto em questão foi o Bus Palladium, uma estrela da cena noturna parisiense, que ela optou por redecorar com um pot-pourri de não menos que trinta e cinco papéis de parede, fornecendo ao lugar um perfume vintage. Ao longo dos anos, a arquiteta foi dando mais personalidade aos seus projetos, tornando a sua assinatura cada vez mais pessoal e conquistando a confiança de parceiros como os melhores artesãos franceses, incluindo marmoristas, marceneiros e vidraceiros.
Qual o segredo do equilibrio nas combinações de Laura Gonzalez? Ela segue o seu instinto e também os passos da sua mentora, Madeleine Castaing.