Transformar uma casa listada como Patrimônio Histórico de Porto Alegre em um café aconchegante que lembrasse os estabelecimentos da região da Toscana, na Itália, e ainda fosse petfriendly foi o briefing recebido pelo escritório Butiá Arquitetura para o projeto do Café Santa Fermata. Inaugurado no final do ano passado na Rua Santa Terezinha, 29, a menos de uma quadra do Parque da Redenção, o local ainda tem a proposta de destinar parte do faturamento para castração de cachorros de rua.
Segundo a arquiteta sócia do escritório e responsável pela obra, Lívia Fonseca, a proprietária do estabelecimento queria que a casa tivesse a atmosfera de acolhida das cafeterias da Toscana, como se fosse uma taberna italiana. Por isso, restaurar e manter a estrutura da casa era essencial. Ambas originais, a fachada e a escada receberam pintura na cor vinho, que também integra a logomarca do local. Isso porque o Santa Fermanta se propõe a ser um “caffè & vino”, uma casa para desfrutar as duas bebidas.
Lívia também optou por deixar à vista os tijolos originais da casa, que mostram a história do local e o deixam mais aconchegante. Outros materiais escolhidos por causa do aconchego foram a madeira, usada em mesas, bancos e cadeiras, e os estofados dos bancos e cadeiras, nas cores preta, bege e mostarda. “A madeira e os estofados também foram usados para deixar o ambiente mais acolhedor acusticamente, porque eles absorvem muito bem o som e diminuem os ruídos no local, onde muitas pessoas estarão conversando ao mesmo tempo”, explica a arquiteta.
Pensando no bem-estar acústico do espaço, Lívia ainda instalou no teto, atrás das luminárias, uma espuma para absorção do barulho. “Não queríamos que o som das pessoas conversando ficasse que nem nas praças de alimentação dos shoppings, mas sim como em restaurantes intimistas”, explica.
Para que o espaço lembrasse mais o conforto das residências do que a frieza dos estabelecimentos comerciais, Lívia optou por variar o material das mesas. Misturados aos móveis de madeira, exemplares de mármore com pés de ferro retrô completaram a atmosfera de comodidade do ambiente. Outro destaque retrô é o piso de mosaico em ladrilho hidráulico. “Muito usado antigamente, esse piso voltou à moda e conversa muito bem com o mármore e com o tijolo. Mesclamos um pouco desses materiais históricos e verdadeiros para criar a atmosfera acolhedora do ambiente”, afirma Lívia.
A iluminação é outro ponto de destaque no projeto. Para combinar com a proposta do local, que possui uma adega, Lívia usou garrafas de vinho como luminárias em um desenho exclusivo criado pelo escritório. Acima das mesas, a arquiteta também instalou spots com lâmpadas de LED AR70. “São lâmpadas cênicas, que servem para valorizar o elemento, neste caso a comida”, informa. No segundo andar, foram instaladas luminárias pendentes, com objetivo de deixar o pé direito um pouco menor e o espaço mais intimista.
Além de acolhedor, o estabelecimento queria se posicionar no mercado como petfriendly, por causa da paixão da proprietária por cachorros. Entre as soluções arquitetônicas criadas para isso, Lívia instalou ganchos embaixo das mesas, para que os visitantes possam prender os cachorros ali caso não se sintam à vontade em deixá-los soltos pela casa. No pátio, parte do espaço foi destinado apenas para os clientes de quatro patas, que podem brincar livremente.
Diretamente nas paredes ou em quadros, pinturas de cachorros da artista Paula Brenner completam a identidade petfriendly do espaço, que serve também comida para os animais, chamadas de “cãomidinhas”.
Fotos: Marcelo Donadussi