Considerado o primeiro tap room de cervejas artesanais da capital gaúcha, o projeto cheio de bossa é assinado pelo escritório Tellini Vontobel Arquitetura. Fica na Praça Maurício Cardoso, 71, no bairro Moinhos de Vento, e atende pelo nome de Perro Libre, que já diz tudo: nada de amarras. O cliente chega, carrega um cartão com o valor que desejar e parte para as taps, as dez torneiras que, integradas a iPads, liberam a bebida, “cerveja sem coleira”, segundo o slogan do bar.
A arquiteta Natasha Tellini Vontobel, que divide o projeto de 85 metros quadrados com a também arquiteta Evelise Vontobel, sua sócia e mãe, conta que a ideia foi criar “um espaço descolado, criativo e diferente”. Tudo isso, considerando as diversas necessidades funcionais e técnicas do local, que incluem um eficiente sistema de armazenamento e resfriamento das cervejas. A mistura de aço inox com um compensado de pínus e estruturas metálicas pretas deu o rumo do projeto, que tem toques retrô, bem apropriados ao sistema de taps.
Para que não roubassem espaço na área interna, de 50 metros quadrados, os bojudos recipientes que contêm as bebidas foram acomodados em um freezer horizontal em aço inox, com portas de vidro, ficando à vista dos frequentadores. Os 35 metros quadrados restantes, do ambiente externo, receberam um deque de pínus, mobiliado com módulos do mesmo material, que servem de apoio e também de assento, e práticas banquetas soltas, que se prestam à criação de diferentes composições, tudo desenhado pelas arquitetas.
No interior, as mesas altas são de uso compartilhado, produzidas também em pínus, que se repete nas banquetas, únicos itens que não foram criados pelo escritório de arquitetura. Para acomodar os produtos da marca Perro Livre à venda, copos, canecas e camisetas, entre outros, as profissionais desenharam suportes específicos. Os mais originais, sem dúvida, são os das camisetas, emolduradas como quadros e dispostas pelo ambiente. Além de servirem como mostruário, complementam o descontraído décor do tap room.
Obedecendo às exigências legais, a cozinha foi revestida com azulejos, mas com direito a um toque bem especial, peças maiores do que o usual, com 20cm x 20cm, originalmente destinadas a piscinas, na cor branca. O material segue salão adentro, criando uma integração natural entre os dois ambientes.
– O pé-direito alto foi amenizado com um sistema de vigas metálicas que sustentam luminárias industriais e spots pretos focais, reforçando o tom brutalista e contemporâneo que idealizamos – explica Natasha, ao ressaltar que o mesmo conceito foi aplicado no piso de cimento queimado, feito no próprio local da obra.
No paisagismo, capim-do-texas emoldura o deque, enquanto trepadeiras devem, em breve, cobrir a tela em metal preto em uma das laterais, usada para delimitar a área do estabelecimento. A fachada limpa, encimada pelo nome do bar em branco sobre preto, não deixa dúvidas quanto à despretensiosa contemporaneidade da proposta, que acompanha as cervejas com tira-gostos e pequenos lanches da cozinha andina, principalmente peruana e boliviana. A casa abre de terça a sexta-feira do final da tarde até às 23h30min; aos sábados, do meio-dia à meia-noite e, aos domingos, no simpático horário das 11h às 13h.