O colo mais gostoso é o de vó, depois de um abraço demorado. E materializar uma “casa de vó”, conforme desejo da cliente, precisa ter esse clima de aconchego expresso por meio das escolhas do projeto de reforma. Essa ideia fez todo o sentido para as arquitetas Ada Broilo e Luiza Kroeff, à frente do Genuína, escritório que promete revelar “Invenções e Memórias” por meio dos trabalhos conceituados pela equipe.

Este apartamento, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, traz em 150 metros quadrados o fio da meada de uma história particularmente bonita: a lembrança pelo cliente das brincadeiras entre o pátio e os corredores do edifício que havia sido construído há 70 anos pelo seu avô.

– Ao sermos apresentadas para a história daquele que seria o novo lar dos clientes, ficamos emocionadas e honradas em participar da transformação desse lugar. Em nossa primeira visita, tivemos certeza de que a reforma deveria começar pela restauração dos elementos originais da arquitetura: esquadrias, o piso de parquê, os ladrilhos existentes na sacada, para então, utilizando esses mesmos, projetarmos a nova ocupação do espaço de acordo com as necessidades dos clientes. Assim, a “casa de vó”, como a cliente se refere ao conceito do projeto, o lugar onde a gente se demora e sente acolhida, foi sendo constituída, num processo de muitas trocas – conta Ada.

Originalmente compartimentado com ambientes de cozinha, área de serviço, dormitório auxiliar, sala de jantar, sala de estar, três dormitórios e um banheiro, para o novo programa de necessidades, espaços foram integrados. “O foco do projeto foi direcionado para a mudança no funcionamento de alguns ambientes, integrando-os com a retirada total ou deslocamento de paredes para aumentar ou diminuir as áreas, transformando-as para novos usos”, ressalta a arquiteta, que acrescentou outro objetivo dessa estratégia: a busca de mais luz natural para o interior do apartamento.


Com as mudanças na planta, a área social foi privilegiada. O dormitório auxiliar cedeu espaço ao lavabo e a cozinha passou a ser integrada com a sala de jantar onde antes havia a sala de estar. A antiga sala de jantar foi transformada em escritório e um dos dormitórios deu espaço à sala de estar. Na área íntima, o banheiro permaneceu no lugar original, o segundo dormitório também passou por adaptação para servir de escritório, e o dormitório do casal foi ampliado em direção à sala de estar.


Ada ressalta que “o projeto de arquitetura de Interiores foi desenvolvido juntamente com a criação do mobiliário sob medida para cada ambiente, também observando o mobiliário solto que seria trazido com os clientes”. A arquiteta reitera também que o projeto partiu dos elementos de arquitetura preexistentes, com a paleta de cores de cada ambiente escolhida em harmonia com os pisos, um dos protagonistas deste apartamento, como tapetes fixos:

– Propusemos seguir a mesma linguagem do projeto original, complementando o piso de tacos de madeira e ladrilhos hidráulicos; foi fundamental o envolvimento dos clientes no desenvolvimento do conceito do projeto e na aposta da restauração dos elementos como as aberturas, portas, janelas, ferragens e piso de parquê, ainda originais, e que atravessaram os 70 anos de construção do edifício – diz a arquiteta, com foco em que “as memórias são os registros das experiências vividas” e, por isso, devem ser preservadas a partir da materialidade preexistente.



@_genuina_
51 998199796