Moderna para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Cultural mostrada na FIC

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Ver no navegador Logos Jose Yalenti Evanescente - Foto Iara Venanzi - Itaú Cultural Evanescente (1945), de José Yalenti (foto: Yara Venanzi/Itaú Cultural)

No dia 19 de maio, às 14h, a exposição Moderna para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Cultural é inaugurada na Fundação Iberê Camargo. Em um total de 144 obras, apresenta quatro trabalhos recém-adquiridos e incorporados à mostra pela primeira vez: Florale, de Geraldo de Barros, e OcaParque do Ibirapuera, de German Lorca, além de Composição Sem Título, de Mario Fiori. Com curadoria do fotógrafo e pesquisador Iatã Cannabrava, a mostra soma trabalhos de 33 artistas renomados, com foco em sua participação no Foto Cine Clube Bandeirante, em particular, e em sua importância no movimento modernista para a cultura e identidade brasileiras. Excepcionalmente, no dia da abertura, a mostra poderá ser visitada até a 1h, integrando a programação da Noite dos Museus. A exposição fica em cartaz até 15 de julho.

De caráter itinerante e sempre com diferentes recortes, Moderna para Sempre começou a circular em 2010, quando foi apresentada, também em Porto Alegre, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). De lá para cá, seguiu por mais 11 cidades brasileiras – Fortaleza, Belo Horizonte, Belém, Ribeirão Preto, São Paulo, Santos, Recife, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e Vitória. No exterior, a mostra esteve em Assunção, no Paraguai, Cidade do México, no México, e Lima, no Peru.

A exposição

Na Fundação Iberê Camargo, as obras recém-adquiridas de Mario Fiori – Composição (ca. 1950) e Sem Título (ca. 1950), se juntam a Elos [Link], trabalho realizado por ele também em 1950 e que tem percorrido as itinerâncias. Florale, de Geraldo de Barros, passa a fazer parte de um conjunto de 11 imagens do autor expostas em Moderna para Sempre, como Tatuapé (1948), Autorretrato (1949) e Cadeira Unilabor (1954).

Já o novo trabalho de Lorca – OcaParque do Ibirapuera – foi visto somente em São Paulo, no ano passado, durante a mostra Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos em comemoração às três décadas de existência do instituto. Na exposição em Porto Alegre, ela se junta a outras 12 fotografias assinadas por ele – entre elas, Curvas Concêntricas(1955), Pernas (1970), Galhos Remontados (1955) e Homem Guarda-Chuva (1954).

“Atentos às transformações que ocorriam no mundo, os fotógrafos modernistas brasileiros devoraram influências para criar uma nova fotografia, que teve como premissa uma leitura essencialmente criativa e de ruptura”, explica Iatã Cannabrava.

Assim, outros destaques de Moderna para Sempre, são Formas (1950), de Eduardo Salvatore, que teve importante papel no cenário fotoclubista como um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirante, em 1939, em São Paulo. Também, a fotografia vintage Sem Título, de data indefinida, Botellas (1950), Esboço (1960) e Autorretrato com sombra (1953), do catalão que viveu exilado no Brasil Marcel Giró.

Integram a mostra, ainda, obras dos fotógrafos José Oiticica Filho e Osmar Peçanha. Do primeiro, há seis fotografias feitas entre 1949 e 1958, todas com a sua marca de forte contraste de claros e escuros e a relação entre pessoas, espaços vazios e a geometria, como em Triângulos Semelhantes, de 1949. Do segundo, há quatro obras – Palmas (1951), Equilíbrio (1960), Estacas (1981) e Linhas (1993). Mais um expressivo membro do Foto Cine Clube Bandeirante, Thomaz Farkas, tem apresentados trabalhos como Energia (1940) e Bailarina do Balé da Juventude UNE, Rio de Janeiro, RJ(1947). Oito obras de Ademar Manarini retratam o abstrato-geométrico do autor, como pode ser ver em Janelas II (1953), Sem título (1950), Passarela – Largo Ana Rosa (1950) e Composição (1960), entre outras.

De Gertrudes Altschul, uma das raras representantes do gênero feminino no fotoclubismo a partir da década de 1940, estão expostas A Folha Morta (1953), Composição (s.d) e Composição II (s.d).  Juntam-se a elas, as fotografias de Rubens Teixeira Scavone, como a contemporânea Abstração #5, de 1950, e Composição Moderna (1953), de Gaspar Gasparian. Além de trabalhos de Gunter E.G. Schroeder, Fabio Moraes Bassi, Paulo Pires, entre outros, estão presentes na exposição 23 trabalhos de José Yalenti.

 

Mais sobre Fotoclubismo

O fotoclubismo brasileiro teve início em São Paulo, no Foto Cine Clube Bandeirante, em 1939, e se alargou para outros fotoclubes da cidade paulistana. Em geral, era composto por fotógrafos amadores que, livres das obrigações de um trabalho comercial, puderam experimentar e quebrar regras.  Nesses núcleos aterrissaram artistas como Geraldo de Barros, José Yalenti e German Lorca. “Nas imagens, encontramos as buscas por formas e volumes, abstracionismos e surrealismo, em uma evidente influência das antigas vanguardas europeias”, conta Cannabrava.

Os trabalhos destes artistas começaram pictorialistas, imitando os padrões da pintura do século XIX. Com o desenvolvimento e crescimento econômico do país, desembocaram no celeiro da fotografia moderna brasileira, a chamada Escola Paulista. “As obras parecem uníssonas porque têm forte unidade temática, divididas em dois grupos: cidades ou formas, sejam elas geométricas, elaboradas ou simétricas”, explica o curador. “A partir deste momento, texturas, contraluzes, enquadramentos sóbrios, linhas, solarizações, fotomontagens, fotogramas, entre outros tópicos, passam a integrar o vocabulário criativo”, reforça.

Vale observar, também, que a maioria dos membros dos fotoclubes era de imigrantes de origem europeia ou descendentes de refugiados das guerras do hemisfério norte, estabelecendo no Brasil uma produção com olhar mais otimista e de esperança no futuro, distante de assuntos sociopolíticos que predominavam nos trabalhos da época, e diferenciando-se do movimento europeu focado nas dificuldades sociais.

Para o curador, este grupo se antecipou ao atual universo dos blogs, Facebook e Flickr montando o que poderia ser chamado de primeiras redes sociais de que se tem conhecimento na área de fotografia. Por meio de salões, catálogos e concursos, formaram uma teia internacional que divulgava a produção nos grandes centros da fotografia mundial e também do Brasil.

 

Sobre Iatã Cannabrava

Fotógrafo, editor, curador e agitador cultural, Iatã Cannabrava possui três livros publicados – Casas Paulistas (2000), Uma Outra Cidade (2009) e Pagode Russo (2014) –, fotos nas coleções MASP-Pirelli, Galeria Fotoptica, Joaquim Paiva e MAM-SP e trabalhos publicados em oito livros de autoria coletiva.

 

SERVIÇO

Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú Cultural

Local: Fundação Iberê Camargo – 4º andar

Visitação: 19 de maio a 15 de julho

Excepcionalmente no dia da abertura, 19 de maio, a mostra poderá ser visitada até a 1h, por ocasião da Noite dos Museus

Horário: Sábados e domingos, das 14h às 19h (último acesso às 18h45min). De quarta a domingo, a Fundação Iberê Camargo também atende a grupos agendados. Para fazer um agendamento, basta ligar para o Programa Educativo – 51 3247 8000

 

Classificação indicativa: Livre

 

ENTRADA FRANCA

Endereço: Fundação Iberê Camargo – Avenida Padre Cacique, 2000

Como chegar:

A Fundação Iberê dispõe de estacionamento pago, operado pela Safe Park.

As linhas regulares de lotação que vão até a Zona Sul de Porto Alegre param em frente ao prédio, assim como as linhas de ônibus Serraria 179 e Serraria 179.5. É possível tomá-las a partir do centro da cidade ou em frente ao shopping Praia de Belas. O retorno pode ser feito a partir do Barra Shopping Sul, por onde passam diversas linhas de ônibus com destino a outros pontos da cidade.

Pedestres e Ciclistas: existe uma passagem para que pedestres e ciclistas possam atravessar a via em segurança. A passarela é acessada pelo portão de entrada do estacionamento. A Fundação também dispõe de um bicicletário, localizado nos fundos do prédio.

 

Site: www.iberecamargo.org.br

Fanpage: www.facebook.com/fundacaoiberecamargo

Instagram: @ f_iberecamargo

Visita virtual Google Artes & Culture – https://goo.gl/wYr75v

 

Sobre o Itaú Cultural

O Itaú Cultural é um instituto voltado para a pesquisa e a produção de conteúdo e para o mapeamento, o incentivo e a difusão de manifestações artístico-intelectuais. Dessa maneira, contribui para a valorização da cultura de uma sociedade tão complexa e heterogênea como a brasileira. Tem como missão, inspirar e ser inspirado pela sensibilidade e pela criatividade das pessoas para gerar experiências transformadoras no mundo da arte e da cultura brasileiras. Como visão, ser referência na valorização e na articulação de experiências culturais e a mais acessível e confiável fonte de conhecimento sobre a arte e a cultura brasileiras.

Ao considerar a cultura uma ferramenta essencial à construção da identidade do país e um meio eficaz na promoção da cidadania, o instituto busca democratizar e promover a participação social. Centro de referência cultural, promove e divulga a produção brasileira no país e no exterior desde 1987.

 

Sobre a Fundação Iberê Camargo

A Fundação Iberê Camargo é uma instituição privada sem fins lucrativos, criada em 1995, a partir de um desejo do próprio artista e sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e com o apoio de amigos e empresários de Porto Alegre.

Há 22 anos, a Fundação desenvolve ações culturais e educativas com a missão de preservar o acervo, promover o estudo, a divulgação da obra de Iberê Camargo e estimular a interação de seu público com arte, cultura e educação, por meio de programas interdisciplinares. Seu acervo é formado por um núcleo documental, composto de documentos e imagens relacionadas à vida e à obra do artista, e um núcleo com a coleção Maria Coussirat Camargo, que inclui pinturas, gravuras, guaches, desenhos e estudos de Iberê Camargo, obras que o casal acumulou durante a vida.

A sede da instituição, inaugurada em 2008, foi projetada pelo português Álvaro Siza, um dos arquitetos contemporâneos mais importantes do mundo. O projeto recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza (2002) e é mérito especial da Trienal de Design de Milão.

Referência arquitetônica na cidade de Porto Alegre, o prédio possui salas expositivas, átrio, reserva técnica, centro de documentação e pesquisa, ateliê de gravura, ateliê do educativo, auditório, loja, cafeteria, estacionamento e parque ambiental projetado pela Fundação Gaia.

A Fundação Iberê Camargo tem o patrocínio do ItaúGrupo GPSIBMOleoplanAgibankBTG PactualBanrisul e apoio SLC AgrícolaSulgás e DLL Group, com realização e financiamento do Ministério da Cultura / Governo Federal. A Traduzca apoia a realização da exposição Avesso.

Para releases, imagens e outras informações das atividades da Fundação Iberê Camargo, acesse o presskit aqui: https://goo.gl/aw3Gi3

Iberê Camargo

[Restinga Seca, 1914 – Porto Alegre, 1994] – Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma extensa obra, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos, mas exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual brasileiro. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção, o artista desenvolveu as conhecidas séries CarretéisCiclistas e As idiotas, que marcaram sua trajetória. Grande parte de sua produção, estimada em mais de sete mil obras, compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo.

 

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