Da pedagogia à arquitetura: como o método montessoriano revolucionou quartos de criança

Inspirado no método da educadora italiana Maria Montessori, o quarto montessoriano é projetado para incentivar o desenvolvimento natural das crianças em busca de autonomia – e com segurança. Nestes ambientes, cama, brinquedos, livros, estantes e espelhos estão na altura dos olhos dos pequenos. Quem cria tais espaços precisa compreender a pedagogia montessori para dispor dos itens de maneira instigante conforme o bebê vai crescendo, sem a necessidade de trocar todo o quarto quando o rebento terá mais idade.

A cama no chão é uma das características mais conhecidas do estilo Montessori. A famosa educadora, que faleceu em 1952, dizia que é fundamental que um adulto não tente auxiliar uma criança a fazer algo que ela sente que pode executar sozinha. Levantar ao acordar é um incentivo à autonomia infantil, bem como aprender a reconhecer o sono e deitar para descansar. Conhecedora destes conceitos, a arquiteta Paola Klein conta que cada detalhe é importante para a vida cotidiana do bebê no seu dormitório.

“O que define a hora de dormir numa cama Montessori é o estado da mãe. Uma mulher que está com dor após uma cesariana, por exemplo, terá dificuldade em abaixar e levantar para pegar o filho. Então eu penso em um berço que depois pode ser transformado em cama Montessori”, explica Paola. No projeto realizado por ela, destaque para o cenário de iluminação forte para a hora das brincadeiras e luzes mais suaves e relaxantes para o momento de acalmar e preparar a criança para o sono. “Em toda a parte de trás da cabeceira há uma iluminação suave para dormir. Colocamos ainda fios de luz que servem para iluminação pontual alternativa a da cabeceira”.

Os espelhos são instalados na altura da criança para contribuir com o desenvolvimento de se reconhecer um indivíduo e perceber seu próprio corpo. Setorizar o ambiente, ou seja, definir o lugar de dormir, o de brincar, aquele para ler, para se vestir,etc pode ser feito mesmo em quartos pequenos com a ajuda de nichos e tapetes.

Livre para explorar o território, a criança precisa de segurança. Por isso, as quinas dos móveis devem ser arredondadas. “Barras nas paredes são usadas para os primeiros passos da infância, sendo que no chão os tapetes também servem como experimentos sensoriais para pezinhos e mãozinhas curiosas”.

No projeto em questão, Paola optou por puxadores redondos de cerâmica nos móveis e tecidos de fibra natural (antialergênico) para as almofadas e futons. “Espaços projetados dentro do conceito montessoriano devem evitar metais. Utilizamos armários em MDF com nichos bem ao alcance da menina, que está com um ano e meio, para que ela possa escolher alguma peça de roupa, outro conceito de autonomia desta linha”.

Cestos para armazenar brinquedos auxiliam os pequenos a guardar os objetos. Na parte superior do armários, pais guardam o que não convém que o(a) filho(a) manuseie ainda. Importante lembrar que os projetos arquitetônicos de quartos montessorianos devem prever tomadas e interruptores com mais proteção e em alturas diferenciadas.

Torre de aprendizagem

A Curadoria 3 Marias, empresa gaúcha especializada em brinquedos e objetos de madeira montessorianos, lançou este ano a Torre de Aprendizagem – 3 em 1. A estante serve para a criança alcançar coisas e ajudar os adultos em atividades cotidianas, vira mesa e pode ser usada como cadeira de alimentação. “A gente acha que a criança quer ‘superbrinquedos’, mas, na verdade, ela quer mesmo é participar das atividades da família”, afirma a empresária Angela Boscaini, mãe do Theo, de um ano e oito meses e proprietária da loja. A peça é produzida com madeira pinus e uva, pintada com tinta atóxica e custa R$ 280.

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