Os números são modestos, “não é um crescimento forte, mas já se consegue ver o setor (de móveis) melhor do que anos atrás”, conforme o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), André Nunes.
Depois da apresentação do balanço 2019 e as perspectivas para 2020 pelo presidente da entidade, Gilberto Petry, e por Nunes, na reunião de encerramento do ano com a imprensa, esta semana, em Porto Alegre, conversamos por telefone especificamente sobre o setor moveleiro. Mas é claro que o cenário geral também é importante.
Acredito ser importante para quem produz, para quem vende e também para quem especifica acompanhar as perspectivas do mercado. Claro que todos torcem também pelo aquecimento do setor da construção civil que impulsiona não só o setor de móveis (indústria e varejo), mas também a contratação de profissionais dedicados a projetos de construção e interiores, desde engenheiros, arquitetos, paisagistas, designers até decoradores, entre muitos outros.
Agora vamos aos números e às informações objetivas que o economista da FIERGS compartilha conosco com foco no setor moveleiro do Rio Grande do Sul e alguma comparação com o país. Vamos falar de dados da “janela” de janeiro a setembro deste ano comparada com o mesmo período de 2018 e das expectativas dos empresários para 2020.
RS TEVE AVANÇO NA PRODUÇÃO DE MÓVEIS
O setor de móveis teve avanço na produção física de janeiro a setembro de 2,5% comparada com 2018, ao mesmo tempo em que no Brasil o setor teve queda de 0,4% de produção física nesse período de nove meses.
AUMENTARAM AS VENDAS, MAS CAÍRAM OS PREÇOS
Outro indicador de janeiro a setembro é o de horas trabalhadas na produção, que aumentou 2,7%. Porém, caiu o faturamento real das empresas no acumulado do ano: 2,5%. Ou seja, o setor está vendendo mais, trabalhando mais, mas os preços caíram.
EXPORTAÇÕES AUMENTARAM
Olhando para o Rio Grande do Sul de janeiro a setembro, o setor de móveis teve crescimento em exportações de 3,4% em dólar: as vendas atingiram 153 milhões de dólares em relação aos 148 milhões de dólares de janeiro a setembro de 2018. Ou seja, o setor ganhou espaço no mercado externo, ainda que pequeno.
EXPECTATIVA DOS EMPRESÁRIOS: CONSTRUÇÃO CIVIL LEVA À RETOMADA DO SETOR
Conforme Nunes, a expectativa para 2020 também é mais positiva porque se vê retomada da indústria da construção. O economista lembra que houve uma crise muito profunda e o PIB ainda está 23% abaixo do período pré-crise, mas a indústria moveleira acaba tendo uma resposta, ainda que defasada, em relação ao ciclo da construção civil, com as empresas entregando obras e as pessoas montando suas casas
SONDAGEM INDUSTRIAL NACIONAL PARA OS PRÓXIMOS SEIS MESES
O economista explica que, quando se olha a expectativa de demanda, vê que o empresário da área de móveis está esperando crescimento de procura para os próximos seis meses. Também aumenta a expectativa de comprar insumos, matérias-primas por conta do setor moveleiro.
CRESCIMENTO ESPERADO ACIMA DA MÉDIA HISTÓRICA
O segmento de indústrias de móveis atingiu perto de 60 pontos para os próximos seis meses. Na análise do economista, o valor é relativamente alto para o segmente, vendo expectativa de aumentar para os próximos seis meses.
A média histórica desse índice do setor moveleiro desde 2007 é de 55 pontos. Já era uma média positiva, e agora está mais, alcançando número acima da média: 59,4 pontos.
Esse indicador, pontuado de 0 a 100, quando indica acima de 50 aponta bom crescimento, explica Nunes.
Resumindo, há percepção de aumento de demanda por parte do empresário do setor moveleiro e expectativa também de melhora de parte do consumidor, que ainda não está correspondendo à perspectiva otimista dos industriais.
– Tudo vai depender da situação do setor de construção e de bens de maior valor, retomada no consumo de bens duráveis como linha marrom e linha branca – ressalta o economista.
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