Encontro da resina com a madeira

Rubens Szpilman e suas obras de design em resina

Rubens Szpilman domina o uso da resina desde os anos 1980 quando começou a trabalhar como artista ainda no Rio de Janeiro. A evolução para o design de produto, na década seguinte, o conduziu para coloridas linhas funcionais voltadas para banheiros. E, atualmente, a descoberta de madeiras “preparadas” pela ação dos cupins com o cerne intacto o levou a unir o material natural com o expertise no uso da resina de poliéster no seu ateliê na Praia da Baleia, na Região Metropolitana de Vitória, Espírito Santo, de onde saem as peças do virtual Studio RSzpilman.

Linha Termit - Mesa de Canto - Resina e Madeira - R. Szpilman Design
Mesa de canto da linha Termit

Essa combinação de madeira e resina é uma técnica que tem a bênção da plataforma de lançamentos de design do mundo, a Milan Design Week no seu Salone del Mobile, que repercute nas metrópoles mundo afora. Fiel à sua paleta de cores, que inclui um lindo tom âmbar, para se aproximar do produzido pela natureza nas suas entranhas, Rubens Szpilman cria simultaneamente a linha Termit (cupim) e a de banheiro.

OURO 24K - Conjunto Pirâmide - R. Szpilman Studio
Conjunto com ouro 24k
Linha Termit - Bandeja - Resina e Madeira - R. Szpilman Design (laranja)
Linha Termit

 

Cupa Space + Pote Star com LED - R. Szpilman Design
Peças iluminadas com LEDs

A coleção para banheiros inclui peças exclusivas para a rede de 40 boutiques Waterworks, com sede em Nova York. Com a grife R.Szpilman Design, o autor dissemina seus acessórios com jogos de cor e transparência.

Conjunto para banheiro com ouro 24K Rubens Szpilman
Trajetória

Formação com mais de uma tentativa:

É curioso saber que a formação acadêmica de Rubens Szpilman foi de 3,5 anos de Engenharia Elétrica, um ano de Comunicação Social e depois mais 2,5 anos de Artes Plásticas, o primeiro no Rio de Janeiro e os dois seguintes em Vitória, onde vive desde 1982.

– Apesar de não ter concluído estes cursos, esta formação bem heterodoxa foi importante para o designer de produtos que me tornei – diz, depois de ressaltar que iniciou sua carreira como escultor em 1984.

Tudo começou na sua cidade natal, Rio de Janeiro:

– Iniciei na criação de objetos em 1995 em uma exposição de esculturas denominada “Szpilman – Esculturas e Objetos”, no salão de exposições no 3º andar do Rio Design, no Leblon. O tema era o mar e criei uma linha de objetos utilitários como um caranguejo que segurava escova e pasta de dente com as pinças e ainda era saboneteira. Depois desta experiência e do sucesso obtido, passei a investir mais neste segmento de objetos utilitários, acabando por me especializar em acessórios para banheiros – conta.

Reportagem de 1989 sobre Rubens Szpilman
Reportagem de 1989

Ele lembra que teve contato com a resina desde cedo, recuperando e ajudando a fazer pranchas de surf.

– Mas o meu processo escultórico começou com o epóxi, na forma de esculturas entalhadas com formão e depois pintadas à mão em um trabalho hiper-realista, em 1984. Mais para frente, o que no princípio era uma coisa positiva, passou a ser um incômodo, pois muitos começaram a achar que eu havia pegado um peixe de verdade e o resinado por fora. Então comecei a fazer esculturas em resina transparente para que não houvesse dúvida de que, apesar de muito perfeitas, não eram de verdade. A resina, com o tempo e a experiência, se mostrou o material mais versátil e fácil de trabalhar com objetos feitos em série.

Entenda a sua escolha técnica pela resina de poliéster:

Eu já havia unido a resina e a madeira na linha dulcora, no entanto eram peças feitas separadamente e depois coladas.

Chamou-me a atenção o trabalho de alguns artesãos que vinham fazendo mesas com tábuas de madeiras antigas que eram unidas com resina epóxi, que preenchia algumas imperfeições e buracos da madeira. Eu fiz diversos testes com diversos tipos de madeiras, mas com resina de poliéster. Existem importantes diferenças entre elas, que acabam por determinar os resultados. A resina epóxi tem um índice de contração quase zero e não tem a transparência cristalina da resina de poliéster, que por sua vez tem um índice de contração de 5% em volume. Esta contração cria um espaço entre a madeira e resina, que reflete a luz. Isso fez toda a diferença. Comecei a procurar por madeiras que apresentassem defeitos inusitados que criariam efeitos de luz aleatórios. As primeiras peças eram verticais com pequenos LEDs jogando luz nestes encontros da resina com a madeira.

Linha Termit - Caixa com Tampa - Resina e Madeira - R. Szpilman Design
Linha Termit – Caixa com Tampa – Resina e Madeira – R. Szpilman Design

A descoberta da mistura madeira degradada + resina:

O que mais me motivou foi quando, sem querer, cortando grandes dormentes (utilizadas como suporte para em trilhos de trens) muito danificados pelo tempo, descobri os incríveis desenhos feitos pelos cupins ao longo de muitos anos. Como eram feitos de madeiras de lei, os cupins comiam as partes mais macias, se desviando do cerne e dos nós das madeiras, que são as partes mais duras. Isso cria desenhos com linhas e curvas orgânicas incríveis e impossíveis de se reproduzir artificialmente. A partir deste momento comecei a procurar por madeiras bem danificadas, ao ponto de serem jogadas fora pelas pessoas por não servirem para mais nada. As pessoas ficavam incrédulas pelo meu interesse justamente nestas peças cujo destino era o lixo ou a queima (muitas realmente já haviam sido queimadas, mas não totalmente). Os resultados da junção destas madeiras com a resina foram muito interessantes (como o quadro abaixo).

Linha Termit - Painel de Parede - Resina e Madeira - R. Szpilman Design

O processo técnico das peças com mais de um material:

Após o resgate das madeiras (muitas vezes, troncos caídos ao longo de estradas de terra) fazemos uma limpeza prévia com uma lavadora de alta pressão para retirar, terra e todas as partes podres. Depois cortamos longitudinalmente com o formato de tábuas. Estas tábuas então são lavadas novamente com jatos de alta pressão para retirar toda a matéria orgânica, até que sobre apenas a parte ainda “viva” da madeira que é o cerne. Depois de bem secas algumas partes selecionadas são colocadas dentro de moldes para o derramamento da resina líquida, que vai preenchendo todas as cavidades. Após a catalisação e endurecimento da resina de poliéster e as contrações que criam pequenos e aleatórios afastamentos entre a madeira e a resina, surge a peça, que é então lixada de forma que algumas partes da madeira aflorem a superfície, e então são polidas junto com resina. Batizamos esta linha com o nome Termit, que significa cupim em algumas línguas.

Os produtos novos:

Na linha Termit, fizemos mesas, painéis para parede, bandejas e tampas de caixas com e sem iluminação por LED. Além da Linha Termit, estou lançando uma nova proposta com Cubas, Lavatórios e Acessórios para Banheiro, em cores transparentes iluminados com LED’s, que podem ser ligados e dimerizáveis por controle remoto. Adicionalmente lançamos a ideia de colocar sensores de presença. Quando a pessoa entra no lavabo ou banheiro algum acessório se acende automaticamente. A solução agrega o benefício da segurança, em ambientes escuros, e também contribui para valorizar o design e o apelo estético das peças.

Linha Termit - Bandeja - Resina e Madeira - R. Szpilman Design (azul)
Bandeja da linha Termit

Escolhi apenas algumas cores que organicamente combinem com as madeiras da forma mais natural possível, lembrando o âmbar (processo natural em que a resina de certas árvores endurece ao longo de milhares de anos), com algumas como os tons de amarelo, laranja e oliva e com algumas licenças poéticas como o azul e o verde. A mesa de canto e o painel azul foram projetadas para serem iluminadas em todo o entorno da peça, de forma que o observador veja todos os efeitos e jogos de luzes criadas pelo ar aprisionado entre a madeira e a resina, criando vários pequenos universos imaginários.

Outra novidade são os novos acabamentos para os metais da Linha de Potes para Bancada. Substituímos todas as tampas e válvulas de latão cromado por aço inox, muito mais resistente, duráveis e funcionais. Além do padrão natural do inox, há as opções com acabamentos de banho em Ouro 24 K, Preto Fosco e Cobre, que acrescentam novas possibilidades à decoração do banheiro.

Se quiser ver mais, Rubens abriu uma loja virtual: studiorszpilman.com.br

(Fotos R.Szpilman/Divulgação)

Escrito por
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